sábado, 27 de dezembro de 2008

A casa que some

Capítulo 1- A infeliz mudança

- Já disse que não quero me mudar - falava a jovem garota em tom de suplicio - irei perder todos os meus amigos que fiz por aqui, não quero me mudar novamente.

- Deixe de ser dramática Caroline, fará amigos novos, além do mais, nunca vi você com tantos amigos quanto faz parecer que tivesse.

E este foi um trecho do dialogo que se sucedeu durante toda a semana na antiga casa dos Pirces. O pai de Caroline tinha recebido uma oferta de emprego em outra cidade, há duas semanas toda a família estava ocupada com os preparativos para a mudança.

- Mas nunca ouvimos falar nessa cidade - Retrucava enquanto Caroline enquanto seus olhos se enchiam de esperança a fim de que a mãe acabasse de vez com a mudança.

- Por isso será tão bom, uma nova oportunidade de recomeçar.

Enquanto discutiam no andar térreo, Caroline e sua mãe mal repararam no homem que descia as escadas carregando em seus braços uma pilha de caixas que ocultavam a visão do rosto do mesmo.

- Pai, por favor, deixe eu ficar aqui, não me faça sair desta casa, tenho tantas lembranças.

O Pai de Caroline era um homem baixinho e gordo, a sua cabeça vivia guardada por um boné que escondia a sua famosa careca, a mãe de Caroline era alta e magra, o exato oposto do pai.

- Já está tudo decidido Caroline, amanhã, por volta das 4h sairemos daqui e rumaremos para a nossa nova cidade, mas antes iremos encontrar o corretor de imóveis que nos guiará até a nossa nova casa - O pai de Caroline havia depositado as caixas que trazia em seus braços na mesa.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

O Carteiro

Capítulo I.
A pertubadora lembrança

Durante o inverno , na escuridão da noite, uma janelinha está acesa com uma luz que pisca sem parar. Esta única luz, de uma das janelas de um pequeno prédio, vem do quarto de um velho homem, que liga e desliga a luz sussurrando feliz:

-Ah a luz!Como é bonita a luz!Ela vem e vai. Ele apaga. Só não gosto quando apaga...

Então neste exato instante uma enfermeira, bate na porta e coloca um envelope em baixo dela e avisa:

-Carta
para o senhor!

O velho homem acende a luz, como num surto, olha para o chão e em choque começa a gritar:

-EU NÃO QUERO CARTA NENHUMA!NÃO!CARTAS NÃO!POR FAVOR. O velho começa a arrancar as cortinas em um ataque de fúria.
No corredor do quarto alguns dos enfermeiros , que faziam plantão noturno, escutam um barulho, correm em direção ao quarto do velho e o vêem abrindo a janela, ele tenta se jogar, mas os enfermeiros são rápidos e o pegam a tempo. O velho estava chorando e gritando descontroladamente, os enfermeiros o colocam na cama e aplicam uma injeção que deixa ele calmo, e logo apos que o velho fecha os olhos os enfermeiros saem. O sujeito acaba dormindo. Sonha.

Acorda assustado de madrugada, toma um copo de água que estava ao lado de sua cama e passa as mãos entre o rosto, está suado, liga a luz e pega o envelope que estava no chão. Abre rapidamente o envelope, começa ler a carta, e as lágrimas vão descendo pelo seu rosto. Ao terminar de ler a carta analisa o destinatário e o endereço e com uma nítida expressão de horror lê em voz alta:

- Vale dos pinheiros, Rua Laura Catarina número 478.

O velho se assusta e joga o envelope longe como se tivesse com medo e então fica descontrolado a sua visão começa a desaparecer ,ele vai andando para trás, vai andando para trás e quando percebe uma madeira tocando na sua cocha, diz:

-Naquela mansão... Nunca mais!

Ele se joga para trás e vai caindo em direção ao chão do hospício.O velho homem sabia que descia em direção a sua morte e então ele começa a se lembrar.